"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A morte do discernimento em A Cabana



Considerações sobre uma Heresia Celebrada e Amada por muitos, inclusive Evangélicos




“Enquanto tentava estabelecer algum equilíbrio interno, a raiva voltou a emergir. Energizado pela ira, Mack foi até a porta. Decidiu bater com força para ver o que acontecia, mas, no momento em que levantou o punho, a porta se escancarou e diante dele apareceu uma negra enorme e sorridente. Mack pulou para trás por instinto, mas foi lento demais. Com uma velocidade surpreendente para o seu tamanho, a mulher atravessou a distância entre os dois e o engolfou nos braços, levantando-o do chão e girando-o como se ele fosse uma criança pequena. E o tempo todo gritava o seu nome, Mackenzie Allen Phillips, com o ardor de alguém que reencontrasse um parente amado há muito perdido. Por fim, colocou-o de volta no chão e, com as mãos nos ombros dele, empurrou-o para trás, como se quisesse vê-lo bem”.[1]


I – SOBRE O LIVRO

O parágrafo acima é um trecho de um livro que alcançou o 1º lugar na lista dos mais vendidos do The New York Times. Além disso, tem se mantido durante quarenta e três semanas seguidas na lista dos 10 mais vendidos da Revista Veja. Atualmente, figura como o 2º colocado. Trata-se do livro A Cabana, escrito por William P. Young, formado em Religião, nos Estados Unidos.

O que esse livro tem em seu escopo, que fez com que alcançasse grande sucesso, vendendo milhões de exemplares? O segredo reside no tratamento dado ao assunto que é comum a todos os seres humanos: o sofrimento. Ele conta a história de um homem de 56 anos, Mackenzie Allen Phillips, pai de cinco filhos e casado com Nannete A. Samuelson. Num determinado final de semana, Mack leva toda a família para um acampamento no Parque Estadual do Lago Wallowa, no estado americano do Oregon. Logo no dia seguinte, quando preparava café da manhã para os seus filhos, dois deles, Josh e Kate, pediram-lhe para dar um último passeio na canoa de um casal amigo. Com a permissão do pai, ambos empreenderam tal passeio. Porém, os dois se desequilibraram e viraram a canoa, o que fez com que Mack mergulhasse imediatamente para salvar Josh, que ficara preso embaixo da canoa. Nesse ínterim, sua filha mais nova, a pequena Missy foi sequestrada por um estranho. Uma longa e desgastante busca foi feita na tentativa de encontrar Missy. Seguindo algumas pistas, como relatos de que ela tinha sido vista numa picape verde, Mack e a equipe de busca chegaram a uma cabana em ruínas, onde encontraram o vestido da criança rasgado e encharcado de sangue.

A partir daí, Mack passou a enfrentar um sofrimento terrível (denominado no livro como Grande Tristeza) por conta do sumiço e subsequente assassinato de sua filhinha. Um emaranhado de sentimentos passou a acossá-lo, inclusive a revolta por Deus ter permitido tal brutalidade, e a culpa por ter se descuidado. Além disso, Mack sofria muito ao perceber como sua filha Kate estava cada vez mais distante e isolada. Ele queria ajudá-la, mas não sabia como.

A Grande Tristeza o acompanhou por alguns anos até que, durante uma tempestade, ao verificar a caixa de correio, Mack se deparou com um bilhete datilografado, com os seguintes dizeres: “Mackenzie, já faz um tempo. Senti sua falta. Estarei na cabana no fim de semana que vem, se você quiser me encontrar. Papai”.[2] Ao verificar a caixa de correio, Mack se deparou com um bilhete datilografado por Deus, convidando-o a ir até à cabana onde sua filhinha fora assassinada, para ali receber a cura para o seu sofrimento. Depois de relutar muito, Mack foi até lá, e ao chegar, deparou-se com a Trindade. O restante da narrativa mostra o desenrolar dos acontecimentos durante o final de semana em que Mack desfrutou da companhia das três Pessoas da Trindade e foi transformado em um novo homem.

Os objetivos de William Young ao escrever essa obra foram nobres e elogiáveis: 1) apresentar o conceito de que o sofrimento humano possui sentido; 2) ensinar que Deus usa o nosso sofrimento e a nossa dor com vistas a um propósito maior. O grande problema é que o autor, na tentativa de cumprir seus objetivos, lança mão de conceitos heterodoxos, heréticos, blasfemos e antibíblicos. O que segue é uma análise, ainda que perfunctória, à luz da teologia bíblico-reformada do conteúdo perigoso apresentado pelo livro A Cabana, que tem prestado um verdadeiro desserviço ao Cristianismo. Minha preocupação ao escrever esta resenha não é destruir o deleite das pessoas. Antes, parto de uma preocupação pastoral, visto que esse livro tem sido lido por pessoas da igreja onde sirvo, e endossado por líderes descomprometidos com uma saudável teologia bíblica. Não tenho como objetivo ensinar prisão mental e espiritual. Muito menos ensinar uma forma de obscurantismo tridentino, confeccionando um novo Index de livros proibidos. Minha intenção é ajudar as pessoas a discernirem o que está por trás do best-seller A Cabana.


II – CONCEITOS HERÉTICOS

2.1. FEMINIZAÇÃO DE DEUS

O primeiro grande problema apresentado no livro é a feminização de duas das três Pessoas da Trindade. Como pode ser observado na citação feita logo no início, Deus, o Pai, é apresentado como “uma negra enorme e sorridente”, chamada de Elousia. Já Deus, o Espírito santo, é descrito como “uma mulher pequena, claramente asiática”, chamada de Sarayu.[3] Deus, o Filho, Jesus, é o único que escapa da feminização. No entanto, ele é descrito como um homem “do Oriente Médio e se vestia como um operário, com cinto de ferramentas e luvas. Estava de pé, tranquilamente encostado no portal e com os braços cruzados, usando jeans cobertos de serragem e uma camisa xadrez com mangas enroladas acima dos cotovelos, revelando antebraços musculosos”.[4]

O inusitado é que Elousia, o Pai, diz a Mack o seguinte: “Mackenzie, eu não sou masculino nem feminina, ainda que os dois gêneros derivem da minha natureza. Se eu escolho aparecer para você como homem ou mulher, é porque o amo”.[5] O ponto é que na Bíblia não há nenhuma indicação de que Deus intente realizar esse tipo de coisa, visto que, primeiramente, ele é espírito, não podendo ser concebido a partir de concepções que envolvam qualquer tipo de “aparição” à parte de sua revelação na bendita pessoa do Senhor Jesus Cristo. Na encarnação, Deus se revelou em Jesus Cristo, de maneira que este é a revelação perfeita, a expressão exata do seu Ser (Hebreus 1.3). Além disso, ao longo de toda a Escritura, Deus sempre faz referência a si utilizando termos masculinos. Somente alguém que renega o conceito de inspiração das Escrituras é capaz de sugerir algo que não encontre precedente na revelação canônica de Deus. William Young vai além dos limites bíblicos, e até onde sei, isso é heresia!

A apresentação de Deus Pai e do Espírito Santo como duas mulheres se constitui numa quebra flagrante e gritante do Segundo Mandamento (Êxodo 20.4-6), cujo princípio proíbe a construção de qualquer imagem, inclusive mental, para representar qualquer uma das Pessoas da Trindade. Na exposição que faz sobre os pecados proibidos no Segundo Mandamento (Pergunta 109), o Catecismo Maior de Westminster diz o seguinte:


Os pecados proibidos no segundo mandamento são: o estabelecer, aconselhar, mandar, usar e aprovar de qualquer maneira qualquer culto religioso não instituído por Deus; fazer qualquer imagem de Deus, de todas ou de qualquer das três Pessoas, quer interiormente no espírito, quer exteriormente em qualquer forma de imagem ou semelhança de alguma criatura...[6]


Onde William Young fez, primeiramente, as imagens do Pai e do Espírito Santo como duas mulheres? A resposta é: em sua mente! Creio que seja pertinente citar o comentário que o Dr. Johannes Geerhardus Vos faz acerca da resposta do Catecismo:


Porque Deus é puro espírito, sem forma corpórea, e qualquer imagem ou representação que o homem possa fazer dEle dá somente uma falsa idéia da Sua natureza. Assim como nos intima o Catecismo, isso é verdadeiro não importando se a imagem ou representação de Deus tenha sido produzida externamente, ou se é apenas interna à mente de alguém. Em ambos os casos a tentativa de visualizar Deus é pecaminosa e só pode falsificar ou distorcer a revelação dEle apresentada na Bíblia.[7]


Alguém ainda pode argumentar, afirmando que, “se Deus quiser, ele pode aparecer pra alguém como uma mulher. Além disso, a figura feminina desperta maior encanto e fascina mais do que a figura masculina”.[8] Várias objeções podem ser apresentadas a esta afirmação, no entanto, apresentarei apenas três: Primeiramente, Deus já quis se revelar em forma humana. E, de fato, ele já se revelou em Jesus Cristo, portanto, qual a necessidade de uma nova “aparição” em forma humana? Em segundo lugar, será que a figura feminina é capaz de despertar maior encanto e fascínio do que a pessoa mansa e humilde do Senhor Jesus Cristo? Por que o Pai não pensou nisso? E em, terceiro lugar, esta afirmação se constitui num pressuposto assumido, porém, não provado. Na verdade, é impossível prová-lo!


2.2. CRISTOLOGIA HERÉTICA

Os conceitos apresentados a respeito da pessoa de Jesus Cristo também são completamente deturpados. O ponto mais grave é a confusão a respeito das duas naturezas de Cristo. Transcrevo abaixo parte de um diálogo entre Mack e Deus, o Pai, a respeito de Jesus:


- Mackenzie, eu posso voar, mas os humanos, não. Jesus é totalmente humano. Apesar de ele ser também totalmente Deus, nunca aproveitou sua natureza divina para fazer nada. Apenas viveu seu relacionamento comigo do modo como eu desejo que cada ser humano viva. Ele foi simplesmente o primeiro a levar isso até as últimas instâncias: o primeiro a colocar minha vida dentro dele, o primeiro a acreditar no meu amor e na minha bondade, sem considerar aparências ou consequências.

- E quando ele curava os cegos?

- Fez isso como um ser humano dependente e limitado que confia na minha vida e no meu poder de trabalhar com ele e através dele. Jesus, como ser humano, não tinha poder para curar ninguém.[9]


Nesse ponto, caro leitor, peço que você pare e leia novamente o diálogo supramencionado. De acordo com William Young, Jesus, como ser humano não tinha poder para curar ninguém. É impossível conciliar esta afirmação com a seguinte afirmação do próprio Jesus: “Mas Jesus disse: Quem me tocou? Como todos negassem, Pedro com seus companheiros disse: Mestre, as multidões te apertam e te oprimem e dizes: Quem me tocou? Contudo, Jesus insistiu: Alguém me tocou, porque senti que de mim saiu poder” (Lucas 8.45, 46). No episódio em questão, Jesus não deixou de ser humano. É possível que algum ignorante, afeiçoado às heresias, argumente a partir de Lucas 5.17: “Ora, aconteceu que, num daqueles dias, estava ele ensinando, e achavam-se ali assentados fariseus e mestres da Lei, vindos de todas as aldeias da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com ele para curar”. É possível que o ignorante pense: “te peguei!”. Será mesmo? Pois bem, peço a ele que leia o que diz Lucas 4.14: “Então, Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galiléia, e a sua fama correu por toda a circunvizinhança”. Aqui, Jesus realizava sua obra pelo poder do Espírito Santo. Mas, existe alguma passagem que indique que Jesus tinha poder? Existe alguma passagem que não indique que ele realizava seus feitos pelo poder do Pai ou do Espírito? Sim, há! Lucas 9.1 faz a seguinte afirmação: “Tendo Jesus convocado os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para efetuarem curas”. Por possuir poder foi que Jesus concedeu poder e autoridade aos doze.

Young ignora três coisas: 1) as três Pessoas da Trindade compartilham dos mesmos atributos, incluindo o poder; 2) Jesus, quando encarnou não perdeu nenhum dos atributos essenciais da Divindade, visto que isso é impossível; e 3) a encarnação não eclipsou nenhum dos atributos de Jesus. É verdade que a sua natureza humana limitou alguns de seus atributos. Ainda assim, isso é completamente diferente de se afirmar que Jesus não tinha poder para curar ninguém.

Ao longo de todo o livro, a impressão que o autor deixa é que Jesus ainda se encontra limitado por sua natureza humana, desempenhando o papel de um admirador embasbacado de sua própria criação, datada de uma época distante, quando ele era o Verbo.[10]


2.3. NEGAÇÃO DO CONCEITO BÍBLICO DE AUTORIDADE

Outro grave problema exposto em A Cabana é a negação do conceito bíblico de autoridade, como sendo uma instituição divina. William Young expressa por meio de uma ficção sua convicção de que o conceito de autoridade é algo estranho a Deus, tratando-se, na verdade, de uma mera convenção humana. Mais uma vez, transcrevo parte de um diálogo:


- Os humanos estão tão perdidos e estragados que para vocês é quase incompreensível que as pessoas possam trabalhar ou viver juntas sem que alguém esteja no comando.

- Mas qualquer instituição humana, desde as políticas até as empresariais, até mesmo o casamento, é governada por esse tipo de pensamento. É a trama do nosso tecido social – declarou Mack.

- Que desperdício! – disse Papai, pegando o prato vazio e indo para a cozinha.

- Esse é um dos motivos pelos quais é tão difícil para vocês experimentar o verdadeiro relacionamento – acrescentou Jesus. – Assim que montam uma hierarquia, vocês precisam de regras para protegê-la e administrá-la, e então precisam de leis e da aplicação das leis, e acabam criando algum tipo de cadeia de comando que destrói o relacionamento, em vez de promovê-lo. Raramente vocês vivem o relacionamento fora do poder. A hierarquia impõe leis e regras e vocês acabam perdendo a maravilha do relacionamento que nós pretendemos para vocês.[11]


Que conceito pernicioso! Contraria passagens bíblicas como Romanos 13.1-7, que afirma que as autoridades foram constituídas por Deus, e Efésios 5.21-6.9, que apresenta o mandamento apostólico inspirado acerca da autoridade e submissão que devem existir nos relacionamentos interpessoais. Um pouco mais adiante, o livro exala um forte odor marxista, quando William Young escreve: “A autoridade, como vocês geralmente pensam nela, é meramente a desculpa que o forte usa para fazer com que os outros se sujeitem ao que ele quer”.[12]

É preciso que se enfatize que o princípio de autoridade não é uma mera convenção humana, que tenha como objetivos a opressão e a servidão. A Bíblia, a Palavra de Deus, afirma categoricamente que, Deus instituiu o princípio de autoridade e constituiu magistrados para governarem a sociedade. Ademais, Deus instituiu a autoridade ao constituir Adão como vice-regente da criação, para governá-la como representante do Criador. Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio...” (Gênesis 1.26). No que concerne aos relacionamentos, o princípio de autoridade também foi instituído por Deus desde cedo, quando ao criar Eva, Deus declarou que ela seria uma “auxiliadora idônea” (Gênesis 2.18), e quando, após a Queda, Deus proferiu as seguintes palavras a Eva: “... o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará” (Gênesis 3.16).


2.4. SOTERIOLOGIA PLURALISTA

Outra doutrina nociva ensinada no livro é uma espécie de soteriologia pluralista, ou seja, William Young ensina que não apenas a Igreja cristã é a beneficiária dos méritos da morte de Jesus Cristo. De acordo com ele, Jesus salva o indivíduo sem, necessariamente, trazê-lo para o seio da Igreja. Mais uma vez, é pertinente citar suas próprias palavras. A citação é longa, porém, necessária para se entender o contexto:


- Mack, eu as amo. E você comete um erro julgando-as. Devemos encontrar modos de amar e servir os que estão dentro do sistema, não acha? Lembre-se, as pessoas que me conhecem são aquelas que estão livres para viver e amar sem qualquer compromisso.

- É isso que significa ser cristão? – Achou-se meio idiota ao dizer isso, mas era como se estivesse tentando resumir tudo na cabeça.

- Quem disse alguma coisa sobre ser cristão? Eu não sou cristão.

A idéia pareceu estranha e inesperada para Mack e ele não pôde evitar uma risada.

- Não, acho que não é.

Chegaram à porta da carpintaria. De novo Jesus parou.

- Os que me amam estão em todos os sistemas que existem. São budistas ou mórmons, batistas ou muçulmanos, democratas, republicanos e muitos que não votam nem fazem parte de qualquer instituição religiosa. Tenho seguidores que foram assassinos e muitos que eram hipócritas. Há banqueiros, jogadores, americanos e iraquianos, judeus e palestinos. Não tenho desejo de torná-los cristãos, mas quero me juntar a eles em seu processo para se transformarem em filhos e filhas do Papai, em irmãos e irmãs, em meus amados.[13]


Depois de ler estas palavras, algumas perguntas gritam para ser feitas: Os que amam a Jesus Cristo estão em todos os sistemas? Existem budistas que amam a Jesus? Mórmons? Jesus não possui o desejo de trazer os seus para fazerem parte do seu Corpo Místico? É possível que alguém seja salvo por Jesus Cristo e viva sem fazer parte da sua Igreja? Qual o conceito de Igreja esposado por William Young?

Infelizmente, percebe-se nas palavras do autor de A Cabana um desprezo por aquela que nas Escrituras é chamada de “a noiva, a esposa do Cordeiro” (Apocalipse 21.9). Além disso, mesmo negando, William Young acaba ensinando que “todas as estradas levam” a Deus.[14] O conceito de que, fora da Igreja não há salvação é menosprezado e negado pelo autor desta obra infame.[15]

Muitas outras heresias poderiam ser apontadas, como por exemplo, o conceito libertário da vontade, segundo o qual, os homens são completamente livres para amar ou deixar de amar a Jesus. Em toda a obra, o autor afirma que seguir a Cristo, amá-lo e obedecê-lo é pura e simplesmente, uma questão da vontade. Com isso, ele se posiciona ao lado de heresias como o pelagianismo, o semipelagianismo e o arminianismo. Na página 205 há algo muito sutil que passa despercebido por muitos. Na verdade, alguns leitores chegam ao ponto de achar meigo e doce. Num determinado momento, Jesus vem até onde Mack e Papai estão, e dá um beijo nos lábios deste. O ponto é que tal beijo acontece apenas depois que Deus, o Pai deixa a forma feminina e assume a forma masculina. É tão sutil o que aparece nas páginas que muitos incautos lêem e não percebem o que está sendo sugerido.


III – CONCLUSÃO

Os conceitos heterodoxos e perniciosos apresentados por William P. Young, no seu livro A Cabana, são muitos. Foram apresentados aqui apenas alguns. A conclusão à qual se pode chegar é que se trata de uma obra extremamente perigosa, que tende a formar a opinião das pessoas de maneira errada, completamente diferente daquilo que é apresentado pelas Sagradas Escrituras. Trata-se de um livro extremamente perigoso e nocivo, que está sendo amplamente consumido pelas pessoas, inclusive por evangélicos. É impressionante como na cidade onde moro (Marabá-PA), o livro pode ser encontrado até mesmo nas livrarias evangélicas. As pessoas lêem o livro, mas não conseguem discernir o que possuem em mãos. Muitas chegam a dizer que foram extremamente abençoadas ao lerem A Cabana. Sinceramente, não sei como alguém pode ser abençoado no erro e no engano.

O pior é perceber que o livro é endossado por líderes evangélicos e pastores. Na contra-capa há uma afirmação assustadora do cantor gospel canadense Michael W. Smith: “Esta história deve ser lida como se fosse uma oração – a melhor forma de oração, cheia de ternura, amor, transparência e surpresas. Se você tiver que escolher apenas um livro de ficção para ler este ano, leia A Cabana”. Isso induz muitos analfabetos funcionais ao erro. Também encontramos pastores que recomendam o livro de forma entusiasmada. Minha tristeza ao constatar tais fatos é enorme, pois percebo o quanto os ditos evangélicos se distanciaram das Sagradas Escrituras e abraçaram outras coisas em nada abençoadoras.

As pessoas lêem o livro, mas não procuram conhecer mais a respeito do autor, de suas convicções, não lêem imbuídas de um espírito crítico. Para que todos tenham uma idéia, o livro de William P. Young foi rejeitado nos Estados Unidos por todas as editoras cristãs e seculares. As editoras seculares o rejeitaram porque falava muito em Jesus. Já as cristãs por considerarem-no herético. Para que o livro pudesse ser publicado, Young, juntamente com alguns amigos teve que fundar sua própria editora. Aqui no Brasil, o livro foi publicado pela mesma editora de O Código da Vinci e de outras obras nada ortodoxas. Isso já deveria servir como uma espécie de alerta, mas não serve. As pessoas imaginam que porque um livro fala em Deus e em Jesus Cristo, necessariamente, trata-se de algo saudável. Alan Kardec também fala em Deus e em Jesus! Não estranharei se daqui a alguns anos líderes e pastores endossarem efusivamente os escritos espíritas às suas ovelhas.

Por essas e outras é que afirmo que o discernimento foi assassinado em A Cabana!

Kyrie Eleison! - "Senhor, tende piedade (de mim); Cristo, tende piedade (de mim); Senhor, tende piedade (de mim)".



[1] William P. Young, A Cabana, (Rio de Janeiro: Sextante, 2008), 73.

[2] Ibid, 19.

[3] Ibid, 74.

[4] Ibid, 75.

[5] Ibid, 83.

[6] CATECISMO MAIOR DE WESTMINSTER, (São Paulo: Cultura Cristã, 2002), 143-144.

[7] Johannes Geerhardus Vos, Catecismo Maior de Westminster Comentado, (São Paulo: Os Puritanos, 2007), 344.

[8] Afirmação feita por um ardoroso defensor da abominação em questão.

[9] William P. Young, A Cabana, 90.

[10] Ibid, 100.

[11] Ibid, 112.

[12] Ibid.

[13] Ibid, 168-169.

[14] Ibid, 169.

[15] É importante que o leitor compreenda que, ao fazer esta citação não estou defendendo o conceito católico romano de que, fora da Igreja Católica Apostólica Romana não há salvação. O ponto enfatizado é que, aqueles que forem salvos por Jesus Cristo, inevitavelmente serão trazidos para juntos da sua noiva, o seu Corpo Místico, a Igreja.


Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico do Nordeste, em Teresina; Bacharelando em teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; pastor presbiteriano, servo de Cristo Jesus e comprometido com a boa e saudável teologia reformada. Com isso quero dizer que sou partidário dos princípios teológicos, litúrgicos e práticos da teologia puritana. Além de ser Amilenista, Pressuposicionalista e defensor do Princípio Regulador do Culto.

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