"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



quinta-feira, 1 de outubro de 2009

As "Boas" Obras dos Ímpios




Por Vincent Cheung
(O que se segue é uma mensagem de e-mail editada)
Acabei de ler “Chosen in Christ” [Escolhidos em Cristo].


Por muitos anos eu tenho sido alimentado com literatura carismática, e nunca tinha aprendido sobre essas coisas que você escreveu e que são tão óbvias na Bíblia. Tenho 50 anos de idade agora e lamento o quão estúpido fui por tanto tempo.
Ainda estou estarrecido sobre alguns daqueles que serão enviados ao inferno. O que dizer daquelas freiras católicas que cuidam de pessoas indigentes — alguém como Madre Teresa?
Obrigado pelos seus livros. Seria muito bom disponibilizar sua literatura para a Igreja Reformada Húngara.
Obrigado por escrever.
Visto que o seu contexto é predestinação, devemos primeiro notar que a questão com respeito às “boas” obras dos não cristãos (os ímpios, os heréticos e os mestres e discípulos dos falsos evangelhos) aplica-se não somente à doutrina bíblica da predestinação, mas também ao todo da fé bíblica em geral, ou à justificação pela fé em particular. Todos os cristãos que são realmente cristãos crêem que ninguém pode ser salvo pelas obras.



De fato, pode ser mostrado que a justificação pela fé é inconsistente com qualquer outra visão além do Calvinismo, ou predestinação bíblica, de forma que as duas não podem ser consideradas de maneira apropriada independentemente uma da outra. Contudo, mesmo que ignoremos essa conexão necessária por ora (embora possamos fazer isso somente forçosamente), sua questão implica uma hesitação não somente com respeito ao Calvinismo, como se ele fosse uma doutrina de homem, mas contra o fundamento comum reconhecido por todos aqueles que afirmam o evangelho — a justificação pela fé aparte das obras.


Apenas porque Teresa pareça ter feito uma abundância de boas obras não faz a mínima diferença, isto é, a menos que ela tenha verdadeiramente confiado em Cristo para salvação. Tentar ajudar, curar, unir ou até mesmo salvar a humanidade sem Deus, e sem o único e verdadeiro evangelho, não é nenhuma outra coisa senão uma outra tentativa de construir Babel. É uma tentativa centrada no homem de edificar a humanidade. É pecado e rebelião disfarçada de justiça e compaixão. As boas obras dos ímpios são feitas, não a partir de um motivo para ajudar a humanidade em obediência a Deus e para glorificar a Deus, mas para ajudar a humanidade a despeito de Deus, de forma que eles não necessitarão nem venerarão a Deus.


Assim, se estabelecermos nós mesmos e as nossas obras como o ponto de referência para o bem e o mal, então, já sucumbimos a primeira tentação de Satanás. Uma “boa” obra é verdadeiramente uma boa obra somente porque ela assim o é em referência a Deus (somente porque ela glorifica a Deus, pois a fazemos com saber no Seu faça assim, e porque Ele aprova), e não porque ela seja útil ao homem e julgada como boa pelos homens, aparte de Deus.


Sobre esse tópico, a Confissão de Westminster declara:
VII. As obras feitas pelos não regenerados, embora sejam, quanto à matéria, coisas que Deus ordena, e úteis tanto a si mesmos como aos outros, contudo, porque procedem de corações não purificados pela fé, não são feitas devidamente - segundo a palavra; - nem para um fim justo - a glória de Deus; são pecaminosas e não podem agradar a Deus, nem preparar o homem para receber a graça de Deus; não obstante, o negligenciá-las é ainda mais pecaminoso e ofensivo a Deus.


Enquanto eles permanecerem não cristãos, suas assim chamadas “boas” obras ainda serão pecaminosas, e como tal, elas incorrem a ira de Deus. A diferença é que essas “boas” obras, visto que elas demonstram uma concordância superficial com os preceitos de Deus, são freqüentemente consideradas menos pecaminosas do que as outras obras dos ímpios. Contudo, não é necessariamente verdadeiro que as “boas” obras dos ímpios sejam menos pecaminosas do que suas obras más, visto que Deus também toma as atitudes e os motivos da pessoa em conta.


Assim, se um não cristão realiza uma aparente “boa” obra, tal como ajudar um mendigo ou alimentar uma criança, mas a partir de um motivo intensamente ímpio (grande orgulho, grande admiração de sua própria “compaixão”, etc.), isso poderia ser contado como ainda mais ímpio (e certamente mais hipócrita) do que se ele tivesse, sem ocultar sua verdadeira natureza como um não-cristão, chutado o mendigo na cara ou deliberadamente privado a criança de alimento.





Com respeito ao evangelho, Paulo escreve: “Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, que ele seja eternamente amaldiçoado” (Gálatas 1:9). Uma vez que um falso evangelho é ensinado e afirmado, então, é ultimamente irrelevante se uma pessoa parece fazer boas obras, pois “todas as nossas justiças são como trapo da imundícia” (Isaías 64:6). As pessoas pensam que elas são boas obras somente porque elas assim pensam, e não porque Deus assim o diz.



Certamente, o que eu disse aqui é apenas o Cristianismo básico, e negá-lo é rejeitar o evangelho e perder a salvação. Assim, eu suponho que você já creia em tudo isso; apenas precisa aplicar o mesmo consistentemente. 


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