"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



sábado, 17 de outubro de 2009

O NOVO NASCIMENTO





Por Maurício Jordão de Souza


Ao ser humano foi concedido por Deus a oportunidade de dois nascimentos; o primeiro, o carnal; já vem provido do pecado que um dia nos afastou do Pai provocando sua ira; estávamos separados do Seu amor, foi necessária a remissão desse pecado pelo sacrifício vicário de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo na plenitude da obra de Deus Pai, Em quem temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da Sua graça” (Efe. 1:7). Já o segundo, o espiritual, é sobrenatural, vem de cima, da misericórdia de Deus, não temos parte nele, não há nada que possamos fazer para merecê-lo, exceto pela vontade Daquele que: como também nos elegeu Nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante Dele em caridade (amor), e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para Si mesmo, segundo o beneplácito de Sua vontade, para louvor e glória da Sua graça, pela qual nos fez agradáveis a Si no Amado”. (Efe. 1:4-6).


Na narrativa bíblica de João 3:1-21, Jesus conversa com Nicodemos, príncipe dos Judeus, a respeito dessa realidade e lhe diz: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.”. O novo nascimento necessariamente passa por estes dois eventos. João, o “batista”, o arauto ou proclamador de Jesus Cristo, dizia às multidões: “...Eu na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aqule que é mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o espírito Santo e com fogo.”(Lucas 3:16), e mais, “...: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai, porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão”. (Lucas 3:7;8). A mensagem dada a João Batista para proclamar ao povo era: “Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo”. O verbo arrepender é tradução do grego “metanoia” que significa “mudança de mente”. É próprio de alguém que, vendo que está indo em direção errada, volta ao ponto de partida para tomar o caminho certo e assim produzir frutos dignos de arrependimento sincero. Aplica-se ao povo de Deus em qualquer época, pois ele tende a se extraviar. 


Muitos por ai são apenas ainda “nascidos de água”, passaram somente pelo batismo do arrependimento, ou seja, o batismo de João Batista. São aqueles que se reconhecem miseráveis pecadores perdidos e sabem que necessitam da misericórdia de Deus para serem salvos. O verdadeiro arrependimento provoca uma transformação profunda em nosso ser pelo conhecimento da Palavra de Deus; não é o mesmo que voltar atrás em nossas decisões mal tomadas, fosse assim, permaneceríamos em nossos pecados e delitos eternamente. Mas importa que nasçamos não só da “água”, mas também do “Espírito”.


Os apenas “nascidos de água”, sentem um vazio em seu ser, embora até sejam conhecedores da Palavra, vivem em busca de satisfação através de seus próprios esforços, desejosos de realizações pessoais no âmbito dos prazeres, deleites da vida e prosperidade, andam de igreja em igreja como folhas ao vento ansiando por uma pseudo "espiritualidade" medida através de falsas “revelações” e manifestações enviesadas. Pessoas assim são facilmente atraídas por seitas que pregam uma falsa doutrina; enganam-se afirmando estar Deus em todas as “religiões”. Mas o vazio continua na alma.


A palavra de ordem hoje é “libertação”, e eu lhes pergunto; libertação do quê, se Jesus nos libertou de tudo na cruz do calvário? E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente, e deles triunfou em si mesmo" (Col. 2:15). Nossa própria vitória sobre Satanás está intimamente ligada com o triunfo de Cristo. "E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também Ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isso é o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão" (Hebreus 2:14:15).


Algumas pessoas põem demasiada ênfase no poder de Satanás. Nos seus cultos eles dão mais atenção aos demônios do que ao próprio Cristo. Deste modo, eles minimizam a responsabilidade humana e oferecem desculpas para os seus próprios pecados. O diabo não pode ser culpado pelo pecado. Ele de fato tenta, mas o pecado ocorre quando nos permitimos ser seduzidos pelos nossos próprios desejos (Tiago 1:14-15). Contudo, "Mas em todas estas coisas, somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou" (Romanos 8:37).


O agente do novo nascimento é o Espírito Santo de Deus, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo,” (Tito 3:5). O nascimento do Espírito é a plenitude da conversão. É um processo de transformação no qual o velho homem vai sendo mortificado dando lugar a uma nova criatura que vai crescendo em santificação. Não há mérito de nossa parte, tudo isso ocorreu no âmbito celeste antes da fundação do mundo culminando no sacrifício vicário de Cristo. É uma atração irresistível e irreversível. O próprio Cristo como homem, experimentou instantaneamente esse dois nascimentos quando de seu batismo por parte de João Batista; apos o batismo de água, imediatamente o Espírito desceu sobre Ele em forma corpórea, na forma de uma pomba, cumprindo assim o que havia sido predito. 


O novo nascimento apesar de sobrenatural é perceptível, Jesus disse: O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.”(João 3:6-8).  A palavra grega para Espírito é “pneuma”, também usada para indicar vento ou ar. Não devemos presumir de ninguém, o Espírito Santo é livre, age onde quer e da forma que lhe apraz, os frutos de quem é nascido de novo são visíveis. Podemos perceber a ação do vento quando vemos o movimento das folhas nas árvores, assim é a ação do Espírito Santo, não podemos vê-lo, mas podemos percebê-lo nas “boas obras” que Deus preparou para nós para que possamos honrá-lo e glorificá-lo.


Ninguém pode entrar no céu sem o novo nascimento, “Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3.7). Você já nasceu de novo?









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