"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



quinta-feira, 29 de abril de 2010

Até Herodes, o Grande, se curva diante do menino de Belém!

Quase todo político mente. Muitos políticos bajulam pastores e igrejas para obter vantagens, como, por exemplo, uma grande quantidade de votos. Há pastores que acreditam nas “profissões de fé” que alguns políticos fazem e acabam se comprometendo com eles, prejudicando o bom nome de suas igrejas ou denominações. Não deveria ser assim, pois já acumulamos muitas experiências desagradáveis. Não deveria ser assim, pois logo no início do Evangelho de Mateus temos a história de Herodes, o Grande, que mentiu desavergonhadamente aos magos ao pedir o endereço da casa em Belém onde estava o recém-nascido rei dos judeus para também ir adorá-lo.



Herodes era uma homem cruel. Tornou-se rei dos judeus aos 36 anos. Governou o país do ano 37 ao ano 4 antes de Cristo. Teve uma vida doméstica agitada. Teria assassinado a segunda das dez esposas (Mariane), a sogra (Alexandra), um dos cunhados (Costobarus) e três de seus filhos (Alexandre, Aristóbulo e Antípatro). Quando os magos passaram por Jerusalém e fizeram a célebre pergunta “Onde está o menino que nasceu para ser rei dos judeus?”, Herodes ficou temeroso pelo seu trono e ordenou aos visitantes: “Vão e procurem informações sobre o menino. E, quando o encontrarem, me avisem, para eu também ir adorá-lo” (Mt 2.8 NTLH).


É possível que os magos tenham acreditado na declaração religiosa de Herodes, pois foi necessário que Deus desse a eles a orientação de que “não voltassem para falar com Herodes” (Mt 2.12). Se os jornalistas ingênuos e sensacionalistas de hoje estivessem presentes na época, certamente eles lançariam manchetes do tipo: “Até Herodes, o Grande, se curva diante do menino de Belém”, “Astrônomos do Oriente e o rei dos judeus dobram os joelhos e adoram a crianças na manjedoura de Belém”, “Herodes, o Grande, torna a pequena cidade de Belém patrimônio mundial”, “Herodes, o Grande, arrepende-se de seus crimes e torna-se cristão”, “A adoração de Herodes vale mais do que o ouro, o incenso e a mirra dos magos”.

Acontece que, quando soube que os magos o haviam enganado, o pretenso adorador do menino “ficou com muita raiva e mandou matar, em Belém e nas suas vizinhanças, todos os meninos de menos de dois anos” (Mt 2.16 NTLH). Não se deve pensar na morte de milhares de crianças e muito menos em 144 mil mortes -- para combinar com a passagem do Apocalipse (14.1-5) -- como alguns fazem. Tendo em vista o tamanho de Belém, o teólogo William Hendriksen supõe que teriam morrido de quinze a vinte crianças. Mais ou menos na mesma época, cinco dias antes de morrer, Herodes executou Antípatro, filho de sua primeira mulher.

Vale notar a ironia do anjo que avisou a José que ele poderia trazer de volta do Egito o menino Jesus e levá-lo para Nazaré: “Levante-se, pegue a criança e a sua mãe e volte para a terra de Israel, pois ‘as pessoas que queriam matar o menino já morreram’” (Mt 2.20 NTLH). Quem deveria ser morto por ordem governamental continuava vivo e os que pretendiam tirar-lhe a vida estavam mortos! Esta, sim, seria uma manchete e tanto!

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