"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Diante da porta estreita: Jesus basta

Diante da Porta Estreita


Uma conversa franca com 
os candidatos à Fé em Jesus

por Charles Haddon Spurgeon

Jesus basta

NÃO PODEMOS COM TANTA FREQUÊNCIA ou tão plenamente dizer à alma sedenta que sua única esperança para salvação está no Senhor Jesus Cristo. Está nEle completamente, somente, e apenas. Salvar tanto da culpa quanto do poder do pecado, Jesus é Todo-Suficiente. Seu nome é Jesus, porque "Ele salvará o seu povo dos pecados deles". "O Filho do Homem tem poder para perdoar pecados". Agradou a Deus desde a antiguidade desenvolver um método de salvação que estaria todo contido em Seu único Filho. O Senhor Jesus, para a obra desta salvação, se tornou homem, e sendo achado em figura humana, se tornou obediente até a morte, e morte de cruz. Se outra forma de livramento fosse possível, o cálice de sofrimento teria passado dele. É razoável pensar que o amado dos céus não teria morrido para nos salvar se pudéssemos ser resgatados por um preço menor. A Graça infinita providenciou o grande sacrifício; o Amor infinito O submeteu à morte por nós. Como podemos imaginar haver outro caminho senão aquele que Deus proveu a tão grande custo, e estabelecido nas Sagradas Escrituras de forma tão simples e urgente? Certamente é verdade que "Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos".

Supor que o Senhor Jesus tenha salvado os homens apenas pela metade, e que é necessária alguma obra ou sentimento neles mesmos para completar Sua obra; é impiedade. O que há em nós que poderia ser adicionado ao Seu sangue e justiça? "todas as nossas justiças, como trapo da imundícia". Podem estas serem costuradas com o caríssimo tecido de Sua divina justiça? Trapos e excelente linho branco! Nossa escória e Seu ouro puro! É um insulto ao Salvador pensar em tal coisa. Já pecamos o suficiente, sem adicionar isto a todas as nossas outras ofensas.
 
Mesmo se tivéssemos alguma justiça em que pudéssemos nos gloriar; se nossas folhas de figo estivessem mais abertas que o usual e não estivessem murchando tanto, seria sábio deixá-las de lado, e aceitar aquela justiça que é muito mais agradável a Deus que qualquer coisa em nós mesmos. O Senhor vê mais coisas aceitáveis em Seu Filho que no melhor de nós. O melhor de nós! As palavras parecem satíricas, por mais que sem intenção. O que há de melhor em qualquer um de nós? "não há quem faça o bem, não há nenhum sequer". Eu que escrevo estas linhas, devo mais livremente confessar que não há o menor traço de bondade em mim mesmo. Eu não daria nada melhor que um trapo, ou um pedaço de trapo. Eu estou totalmente destituído. Mas se eu tivesse o mais justo dos ternos de boas obras que só o orgulho pode imaginar, eu o lançaria fora para que pudesse usar tão-somente as vestes de salvação, que são dadas gratuitamente pelo Senhor Jesus, advindas do guarda-roupa do Seu próprio mérito.
 
É altamente glorificante ao nosso Senhor Jesus Cristo que devamos esperar por todo bem dele somente. Isso é tratá-lo como Ele merece; pois assim Ele é e além dele não há ninguém mais de tal forma que temos de olhar para Ele para sermos salvos.
 
Isso é tratá-lo como Ele ama ser tratado, pois Ele convida todos os que estão cansados e sobrecarregados a vir a Ele, e Ele lhes dará descanso. Imaginar que Ele não pode salvar definitivamente é limitar o Santo de Israel, e por um termo ao Seu poder; ou mesmo esfaquear o coração amoroso do Amigo dos pecadores, e lançar uma dúvida sobre Seu amor. Em ambos os casos, estaríamos cometendo um pecado cruel e ousado contra os mais doces pontos de Sua honra, e são Suas habilidade e desejo de salvar todo o que se achega a Deus por Ele.

A criança, no perigo do fogo, simplesmente se agarra ao bombeiro, e confia nele somente. Ela não questiona a força de seus braços para carregá-la, ou o zelo de seu coração para resgatá-la; mas ela se agarra. O calor é terrível, a fumaça está cegando, mas ela se agarra, e seu libertador rapidamente a leva para a segurança. Na mesma confiança infantil agarre-se a Jesus, que pode e irá lhe colocar fora dos perigos do fogo do pecado.
 
A natureza do Senhor Jesus deveria nos inspirar a maior confiança. Sendo Ele Deus, Ele é poderoso para salvar; sendo Ele homem, Ele está cheio e pleno para abençoar; sendo Ele homem e Deus em uma única Pessoa Majestosa, Ele é como o homem em Sua forma e Deus em Sua santidade. A escada é longa o suficiente para alcançar Jacó prostrado em terra, e Javé reinando no céu. Criar uma nova escadaria seria supor que Ele falhou na tarefa de encurtar a distância; e isso seria desonrá-Lo gravemente. Se mesmo adicionar qualquer palavra à d'Ele é clamar por uma maldição sobre nós mesmos, o que receberíamos fingindo adicionar qualquer coisa a Ele? Lembre-se que Ele, Ele mesmo, é o Caminho; e supor que devemos, de alguma forma, acrescentar algo à rua divina, é ser arrogante o suficiente para pensar em acrescentar algo para Ele. Fora com tal ideia! Abomine-a por ser uma blasfêmia; pois na essência é a pior blasfêmia contra o Senhor do amor.
 
Vir a Jesus com algum valor em nossas mãos seria orgulho insuportável, ainda que tivéssemos qualquer coisa para trazer. Do que de nós Ele precisa? O que poderíamos trazer se Ele precisasse? Venderia Ele as bênçãos de valor inestimável da Sua redenção? Que Ele forjou com o sangue de Seu coração, iria trocá-las conosco por nossas lágrimas e votos, ou por nossas cerimônias e sentimentos, ou obras? Ele não se diminui e se vende: Ele dará gratuitamente, como convém ao Seu amor real; mas aquele que lhe oferece um valor não sabe com quem está lidando, nem quão gravemente envergonha o Seu Espírito livre. Pecadores de mãos vazias terão o que quiserem. Tudo que eles podem precisar está em Jesus, e Ele dá a quem pede; mas temos de crer que Ele é tudo em tudo, e não ousarmos respirar uma palavra sobre completar o que Ele terminou, ou nos adequarmos ao que ele dá como pecadores indignos.
 
A razão pela qual esperamos o perdão dos pecados, e vida eterna, pela fé no Senhor Jesus, é que Deus assim determinou. Ele jurou por si mesmo no evangelho salvar todos os que confiam no Senhor Jesus de verdade, e Ele nunca fugirá da Sua promessa. Ele tanto se agrada de Seu único Filho, que Ele tem prazer em todo aquele que O segura firme como sua única esperança. O grande Deus, Ele mesmo toma conta Dele que se apoderou de Seu Filho. Ele obra a salvação em todos os que procuram essa salvação do Redentor que foi morto. Pela honra do Seu Filho, Ele não permitirá que o homem que n'Ele confia seja envergonhado. "Quem crê no Filho tem a vida eterna", pois o Deus que vive eternamente O tomou para si mesmo, e o fez coparticipante da Sua vida. Se você confiar somente em Jesus, você não precisa temer, pois efetivamente será salvo, tanto agora e no Dia de Seu advento.
 
Quando um homem O toma por Fiador, há um ponto de união entre ele e Deus, e essa união garante bênçãos. A fé nos salva porque nos faz agarrar-nos a Cristo Jesus, e Ele é um com Deus, e isso nos leva a uma conexão com Deus. Disseram-me que, anos atrás, abaixo das Cataratas do Niágara, um barco estava virado, e dois homens estavam sendo carregados pela correnteza, quando pessoas na margem conseguiram jogar uma corda para eles, e que foi agarrada por ambos. Um deles a agarrou firmemente, e foi puxado em segurança para a margem; mas o outro, vendo uma grande tora flutuando, imprudentemente largou a corda, e abraçou o grande pedaço de madeira, pois era das duas coisas a maior, e aparentemente melhor para se agarrar. Que erro! O tronco, com o homem, foi direto para o vasto abismo, pois não havia nenhuma união entre a madeira e a praia. O tamanho da tora não beneficiou aquele que a agarrou; precisava de uma ponta na margem para produzir segurança. Assim, quando um homem confia em suas obras, ou em suas orações, ou em ações de graças, ou em sacramentos, ou em qualquer coisa desse tipo, ele não será salvo, pois não há nenhuma união entre Ele e Deus por meio de Cristo Jesus; mas a fé, por mais que pareça uma corda fina, está nas mãos do grande Deus na margem; poder infinito puxa a linha de conexão, e assim livra o homem da destruição. Oh, a bênção da fé, porque une-nos a Deus pelo Salvador, que ele apontou, Jesus Cristo! Oh leitor, não há senso comum nesse assunto? Pense sobre isso, e logo poderá haver um elo entre você e Deus, pela sua fé em Cristo Jesus!

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Titulo original: Around the Wicked Gate
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