"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Estamos todos embriagados!

No momento estamos todos embriagados. Quem dera fosse pelo Espírito, mas certamente não o é.

Estamos perigosamente embriagados pela carne. Embriagados pela competição que nem mais consegue ser velada. Estamos embriagados pela busca por nome, fama, poder, primeiro lugar, glória. Só pensamos em conquistas grandiosas: um país protestante (não necessariamente cristão), um presidente protestante (não necessariamente ficha limpa), uma igreja cada vez maior do que outra (não necessariamente santa), um templo cada vez mais amplo e suntuoso (não necessariamente livre dos célebres vendilhões do tempo de Jesus).
Não falamos em pecado. Não falamos em arrependimento. Não falamos em conversão. Não falamos em caminho apertado. Não falamos do “negue-se a si mesmo” de Jesus. Não falamos em santidade. Não falamos da glória por vir.

Só falamos de gente, de multidões, de números. Só falamos de autoajuda, de dinheiro, de cura, de sucesso financeiro, de bens móveis e imóveis, de milagres. Só falamos do presente. Só falamos dos cantores gospel e de eventos retumbantes.

Apresentamo-nos como bispos, apóstolos, patriarcas e papas. Fazemos questão de dizer que somos ao mesmo tempo doutor em teologia, em ciências da religião, em divindade e em filosofia. Esbanjamos títulos e nomes. Estamos todos, de fato, embriagados.

Só nos preocupamos com o crescimento de igrejas. É o assunto do momento. Criamos métodos, estratégias, alvos. Muitos deles importados do mundo secular, das empresas bem-sucedas, dos especialistas em marketing. Usamos roupas de grife, somos artificiais nos gestos e na entonação de voz. Impressionamos os auditórios, chamamos a atenção para nós e embriagamos também o público. Aceitamos as palmas e pedimos bis. Essa embriaguez nos tornou secularizados. Outrora saímos das trevas e viemos para a luz. Agora estamos saindo da luz e voltando para as trevas.

Essa embriaguez de líderes e liderados está provocando o que hoje se vê claramente: comparações, competições, rivalidades, divisões, mudanças litúrgicas, descontentamento, escândalos, descrença e apostasia. Em nenhum outro tempo houve uma multiplicação tão grande e tão rápida de denominações. Em nenhum outro tempo aconteceu um entra-e-sai de uma igreja para outra tão acentuado como agora. Em nenhum outro tempo o rol dos sem-religião aumentou tanto.

Essas são algumas conseqüências a médio e longo prazo da nossa embriaguez, da qual muitos ainda não têm consciência.

Usamos a palavra todos neste texto de forma retórica. Ainda há muitas pessoas cuidadosas, tanto entre pastores e líderes como entre cristãos comuns. O trigo nunca desaparece. Mesmo naquelas ocasiões em que o joio é maior do que ele.

Se houver uma corajosa reviravolta da soberba mundana para a humildade cristã, a história atual da igreja poderá ser revertida. Afinal, há cura para a embriaguez! O primeiro passo dos alcoólicos anônimos é admitir que são impotentes para reverter sozinhos qualquer problema de conduta. Daí a necessidade de pedir socorro ao poderoso e amoroso Deus!

Texto extraído da Revista Ultimato – novembro-dezembro 2011 – Ano XLIV – nº 333
Artigo intitulado: Orgulho o caminho mais curto para o tombo         

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