"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



quarta-feira, 23 de agosto de 2017

A SINGULARIDADE DO EVANGELHO

O apóstolo Paulo, o maior bandeirante do Cristianismo, estava saindo de Éfeso rumo a Jerusalém, quando escreveu seu maior tratado teológico, a carta aos Romanos. No introito dessa epístola, tratou do tema principal da carta, a singularidade do evangelho. Já de início demonstrou três atitudes em relação ao evangelho: eu sou devedor (Rm 1.14); eu estou pronto (Rm 1.15); e eu não me envergonho (Rm 1.16).
Por que alguém se envergonharia do evangelho? Primeiro, porque este trata da pessoa de Cristo, o Messias de Deus, que veio ao mundo, nasceu de forma humilde, cresceu numa cidade pobre e morreu numa cruz. Segundo, porque pelo evangelho, o próprio apóstolo Paulo já havia sofrido açoites e prisões. Inobstante a cruz ser escândalos para os judeus e loucura para os gentios; e apesar de todo o sofrimento decorrente da proclamação do evangelho, Paulo destaca a singularidade do evangelho, quando escreve: “Porque não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1.16,17). Deste texto, extraímos cinco verdades:
Em primeiro lugar, o poder do evangelho. O evangelho é o poder de Deus. Portanto, não há qualquer fraqueza nele, pois Deus é onipotente. O evangelho é a dinamite de Deus para derrubar as fortalezas do coração mais duro. É a força irresistível que desarma a incredulidade mais cega. O próprio Paulo, perseguidor implacável da igreja, mesmo na sua marcha sangrenta de oposição aos cristãos, foi transformado por uma ação soberana e irresistível do evangelho. O evangelho quebra barreiras, derruba estruturas, penetra nos lugares mais fechados e transforma os corações mais rendidos ao pecado.
Em segundo lugar, o propósito do evangelho. O evangelho é o poder de Deus para a salvação. Há poder que destrói e mata, mas o evangelho é o poder que dá vida e salva. O evangelho não é apenas o poder de Deus para a salvação, mas também, o único poder capaz de salvar. A religião, os ritos sagrados, as boas obras ou quaisquer outros expedientes humanos são absolutamente insuficientes para salvar o homem. Só no evangelho há salvação. O evangelho fala das boas novas de Cristo: sua vida, sua morte, sua ressurreição e seu governo. Não há salvação em nenhum outro nome. Só Jesus salva!
Em terceiro lugar, o alcance do evangelho. O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê e só daquele que crê. O evangelho não é o poder de Deus para a salvação do descrente. Muito embora, a fé não seja a causa meritória da salvação, é sua causa instrumental. Apropriamo-nos da salvação pela graça, mediante a fé. A salvação é oferecida a todos, mas somente aqueles que creem são salvos. Não há aqui qualquer acepção de pessoas, seja de raça, posição social ou estofo cultural. Todo aquele que crê em Jesus é salvo.
Em quarto lugar, a universalidade do evangelho. O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. O evangelho é para todos os povos. É universal em seu escopo, pois Jesus morreu para comprar com o seu sangue aqueles que procedem de toda tribo, língua, povo e nação. Não há limitação geográfica nem barreira étnica no evangelho. É endereçado a toda criatura, em todo o mundo, até aos confins da terra.
Em quinto lugar, a eficácia do evangelho. O apóstolo Paulo é enfático, quando escreve: “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé”. O homem sendo pecador, jamais poderá ser justificado diante do Deus santo com base em seus méritos pessoais, pois as nossas justiças não passam de trapo de imundícia. Porém, nossas transgressões foram lançadas sobre Jesus e sua justiça foi imputada a nós, para que a justiça de Deus, revelada no evangelho, fosse apropriada por nós, pecadores, pela fé. Então, aquele que crê é declarado justo diante do tribunal de Deus e passa a viver pela fé. Quão singular é o evangelho!

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